segunda-feira, 23 de junho de 2014

douta de nada





Talvez o não-sei-que me abrace e me proteja de quem não me queira bem
E apesar desse tal de não querer, talvez queira voar sem amarras...De colibri...
voar na imensidão do vazio que habita minha pequena e finda fenda

Mansa, planar serena, desenhando morna e solta, as pegadas do porvir...
Equilíbrio. Então distante
Entrega entre o ser e o deleite 
Na solidão abre-se as notas, firmam-se os tons
A água escorre onde o amor envolve
Desejo em ser 
Talvez a flor
No ninho quente da mata virgem
Onde homem nenhum pisou
Sem repetição e dor
Entre tons e sons
Aprender o tempo incerto (em certo)
Desvelar os sentidos emprestados
Indefinidos dons
Tempo em tempo 
Poesia nova
Ninho de amor e dor
Passar por essa vida estúpida 
Navegar de amar em mar...amar...
Amar por Amar
Amar em Mar
Desejo em ser 
Talvez a flor
No ninho quente da mata virgem
Onde homem nenhum pisou
Desejo em ser 
Talvez a flor
No ninho quente da mata virgem
Onde homem nenhum pisou


Amar e Amar
De Mar em Mar



terça-feira, 15 de abril de 2014

Do nada

Imita- sonho era o nome daquele pássaro. Sobrevoava as planícies orvalhadas da terra do ouriço cacheiro. Imita-sonho, piava e cantava ao mesmo tempo. Fazia dois sons em um só. Era como uma lâmina afiada o primeiro e o segundo um assobio frio de dar arrepios.
Havia um homem que andava distante do sol, por aquela terras esquecidas, de orvalho frio e denso, um homem que ouvia tudo, mas não enxergava nada. Imita-sonho faiscava pelos arbustos, se esfregava entre a fuligem, aninhando-se próximo aos seus herdeiros. O homem caminhava de olhar baixo procurando uma resposta e nada entendia de seus próprios pensamentos, muito menos dos bichos que vinham da terra do ouriço- cacheiro. Rezava a lenda que o próprio ouriço cacheiro, já havia saído daquelas paragens há muita carga de tempo. Havia pego sua lenha, sua bagagem de mão e seus espinhos e tomado rumo pra outras bandas, e sempre que sentia saudade de casa, cantava: minha mulher, foi, foi, foi, foi, foi... A história era a de sempre: a mulher desalentada havia deixado o marido espinhoso, indo aleitar-se em outras gramas. Ouriço muito sofrido, resolvera ir atrás do seu bem.
Mas o homem, o que ali fazia? Procurava a resposta para suas agonias. Enfim, um belo dia deu-se o Nada. Ele esvaziou e trouxe o Foi. Aí o pássaro, olhou pela primeira vez, e nada viu. Olhou e certificou-se de que nunca havia visto um homem, nem mesmo o calor de uma sombra perdida, cansada, desalentada, uma sombra suspirante. O homem nunca havia sido. Imita-sonhos criava histórias e hoje esbarrava nessa, de ver o que nunca havia visto, nem estado, nem existido...


domingo, 30 de março de 2014

Quando eu era criança não tinha medo de enlouquecer de dor
Era mesmo só um coração recebendo e dando 
Colorindo tudo com minha presença
calma e alegre

Um dia aprendi a cantar e soltei um passarinho de dentro do peito

domingo, 23 de março de 2014

fui pro meu canto, deitei em seus braços e dele pude entender das horas desperdiçadas
de tantas outras coisas esquecidas
fui pro meu canto de onde soavam melodias presas, ainda de um ventre adormecido de saudade
fui pro canto novo de uma nascente verde, de onde brota a esperança e um novo canto
A vida em sua insana estupidez, amortece e me faz brotar, sangrar
a vida revida e entorpece, encanta e adormece
tonteia e escurece
a vida me trás e me leva, me esconde e me faz respirar
a vida solta o ar, e eu como com uma lança travada nas costas
caminho lentamente com o coração na boca e com palavras por vir

ainda em um tempo incerto espero me encontrar em um canto doce, verdadeiro e feliz