sexta-feira, 29 de abril de 2011

Sorrindo


Um sorriso é aceso, vivo, contexto, é caminho a ser 
Os olhos  perseguem um belo curso que se abre em um viçoso sorriso
Assim como se desviam de uma lacrimosa passagem
... Córrego assustador esse da tristeza...
Mas eu vim aqui pra falar do sorriso.
Já sentiram um coração pulando, espumando e jorrando quente, como se acendesse lá em baixo no dedão e ascendesse lá pra cima, no topo da cabeça?
Retrato em movimento, força exuberante e vital
Um sorriso compartilhado, motivado e sonorizado por uma estrondosa gargalhada...
Brotado pequeno, infâme e provocativo
Na penca da alma desabrocha um sol
Presença desavisada da felicidade, alegria desvairada
Fome de viver, sede de amar
Talvez o sorriso não seja nada disso
Apenas uma janela que se abre aonde a alma se enquadra sem propósito de estar apenas de ser: um belo, alegre, despretensioso sorriso...

domingo, 24 de abril de 2011



Em caixa alta pra ver se pego no tranco
Completa incompetência em administrar meus desejos
Deveres e Direitos
O caos
Energia dinâmica
Transformadora
Da lama ao caos
Escatologicamente suja
Percebo as primeiras informações vitais pulsantes

terça-feira, 5 de abril de 2011

na cadência

Sujeito da fala
Dono da palavra
Toma para si o objeto
Torma-se o objeto
Mascarado de desejo
Recebendo e dando sentido
Absorvendo o sentido de um outro
Carregando de som o sentido de um outro
Parte que evoca o todo
Meio através de 

No lugar do sentido de outro
Criação
Lugar de nada
De tudo-pode
Deslizamento
Surpresa
movimento
Ponto
Começo 
Recomeço
Oração
Ponto-de-estopo


Condensa Desliza Condensa Desliza Desliza


Amo-te


Hoje acordei romântica
Contorci meu corpo
Tropecei como um zumbi
Tomei um gole forte e acordei
Sacudi a cria
Ouvi no carro uma linda do Djavan
Estou como um saveiro
Cruzando a buzina de um transatlântico
O vento bate gelado nas folhas amareladas da estação
Sua presença bonita ao meu lado
Seu olhar sério, sua voz baixa e veloz
Suas mãos macias e seus cabelos cacheados
O tempo... sem pressa por nós dois
Elo justo, fiel…
Afrouxo o laço do tempo..

domingo, 3 de abril de 2011

INVEJA

Ela exala desejo e juventude
Eu invejo cada passo, cada trilha desenhada

Ela é livre, atlética, doce e delicada
Eu sou alguém que rema, rema e não sai do mesmo lugar
Eu sou rígida, frígida, enfurecida
Ela é deusa, ninfa, literária, efêmera
Eu odeio-a em cada palmo de pele, em cada poro de existência
Ela é amor, gratidão
Eu busco meus recursos em mim mesma
Ela nos outros, nas pessoas, nos lugares, nos amigos
Eu sou incapaz e crua
Ela é fresca, é nua
Eu sou palavra
Ela é poema 
Eu sou verso
Ela é matema
Eu sou pequena
Ela é incomensurável
Sou de menos
Ela é demais
Sou do tamanho de um botão
Ela desata os nós, afrouxa os laços, solta a imensidão 
Eu invejo
Ela cria
Eu padeço
Ela desafia
Eu coroa
Ela cara

Cobra rastejante
Gostaria de arracar-lhe os olhos, as vísceras
Beber-lhe o sangue, dilacerar sua voz, seu rosto, seus olhos cor do mar

Tomar pra mim o que é seu
Juntar com aquilo que é meu
Deixar-lhe sem nada
Apavorada e desaprovada
Feia, infeliz, sozinha
Sombria, deprimente, aguardente
Mulher que mata no olhar
Mulher rival
Destruída
Apagada
Morta
Dilacerada
Manchete de jornal
Pecado de mulher
É querer ser outra
A Outra mulher
Em palavras 
Para calar o malgrado
Em versos
Para expurgar
O mau-olhado