quinta-feira, 2 de novembro de 2017

melancolia

Entre efervescências e torpores
Em existência
Essência que pia falha e líquida 
Derrame
Em mim esse lume
Que bem aos poucos se esgota
Embaixo a terra atrapalha os passos
Descalço..
Em úmida descida
Vestida de estrelas e lágrimas 
Em escuro entorno
Este que me liquida
Em fim

Ao raiar da outra que parte
em arte me aninho
sem que o esteio de um braço qualquer me sustente
pelo menos por algumas horas, sou minha
e logo depois caio, de novo, no vazio intolerável da inexistência
tragada por uma vida
assim ceifei-me quando nova
e hoje sou folha morta
posta em um livro

segunda-feira, 20 de março de 2017

Fonte

Vim da mata virgem, cair pra terras de ca ...mãe  ìyà que encarrega a dor, derrama da mata em jorrada de ventre, o azul do sangue vermelho que escorre da água clara.Sai de lá pras terras de cá, e de um golpe d'água, tombei da fonte na terra caiada ... Zunido de tromba d'água, de voz clara, urgente menino, entornado em pedra quente, rompendo assim meu coração ...risca-mato, sete flechas, cristalina fonte, sambore temperado em pedreira...canto de crescer menino, num viver de amar de rio em rio, onde fonte brota gente e leva pra longe o embaraço. De pingar em gota, acariciei o mal, despi a natureza, ungi meus pés em pegadas doces de plantas verdes e meu coração pequeno se fez valente...soprei o vento, empunhei em aço meu bem querer: Arruda do mato/ negra mina/ zabumba/amescla / aveloz/ peguei da mata a flecha d'agua, da terra a permissão, verde e vermelho meu penacho e com meu cajado cumpro minha missão / sopro de vento norte,  seta d'agua, faísca em vida de um viver de verde, de mato morno, de boca d'água, beijo quente, milharal desfeito em pisado torto, assovio fino meu destino errante...afaga a faca, brisa urgente!gira a roda do vento, afaga a faca, brisa urgente/ gira a roda do vento...