segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Divina

"Falta um pedaço, e esse é parte dominante. Música que segue sem direção...Nela me perco, me encontro, me deixo, me nego; nela sou ressonante. Nela, não sou eu quem diz, sou menos, sou tola, pequena, infeliz. Nela sou metade, inteira, escrava, cega, aprendiz. Num vai e vem de trovas, trevas, versos e canções, a música é quem manda, quem distrai, entrega, revela, desvela, carrega e desmata emoções...Sou sua filha, esposa, amiga, amante infiel, cavalo selvagem, lua que espera, promessa paga em papel."

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

ontem

Aqui tudo passa lento, passa tempo, passa já
Aqui o hoje e o amanhã já veio
e o menino brinca de espiar
ele carrega o sol nas costas, o pecado e a urgência entre as pernas
O menino chuta o tempo, embolando o novelo das horas
Batuca, tranca, retranca; movimenta leve os segundos
Deixa rastro de menino... oh menino!!... por aí...
Pede um som, uma dose de alegria, uma bossa soul nova
O menino solta no ar seu brinquedo
Vence o cansaço, confunde todas as pernas
Chega manso e enluarado
Chega frouxo, folgado
Num beijo, outro dia...veio ontem: menino e feliz

domingo, 16 de outubro de 2016

moreninha

Vendaval e tormenta, da ilha ficaram os ossos, nas tarde ensolaradas uma infância vivida entre brisas, marés e soleiras, Menina batendo sandália, tranças molhadas, bicicleta, ferrugem e vela queimando. Ilha bela de sossego e imensidão. Joelho ralado, sorvete melado, cheiro de brisa e embarcação. Um pequeno sopro estalando nuvens, cavalgando entre bonecas e passarinhos. No canto doce da tarde, mergulho nas águas frias e me esquento na pedra moreninha.
 O amor juntou meus pedaços, chegou num sonho, num sorriso, num frio de nuca, até o calcanhar; desceu gelando a espinha, amor de homem, princesa e moreninha. Seus olhos de mar e veste de guerreiro, armadura desbotada, destronado trovador. No peito uma flor, um lenço e um punhal.
Assim foi fincando em mim as sete flechas do meu destino, trouxe uma bússula quebrada, um mastro torto, uma garrafa cheia, repleto de saudade, um violão, uma canção, uma ilha

Pedaço de fim

treze velas brancas, em cada canto um punhal,
E assim vou deixando o luar, peço humildemente que se vá em fim
Peço que não volte, que fique quieto, onde o mar resolva espiar...bordadura de imensidão!
Sofreguidão banhando a noite em lume,
Redondilha de percebimento, travando no peito um molestar sem fim
Infiel lastro rei, por sua turrice, caprichoso e urgente, o dia insiste em renascer
Perdido em fim, deixo o tempo encarregar o mastro lento da desilusão
Onda que lambe tudo, traga e se desfaz
Quieto me satisfaço em espuma, em maré embebida em sonho
Vida que se repensa em trago lento