quarta-feira, 20 de julho de 2011

Desejo

Acordei de um sonho ardendo em desejo na carne
Marcada estava eu perdida por um olhar que me comia e me queria
Ele era forte, espalhado, grande e desengonçado
Me olhava nos olhos e vinha em minha direção com uma certeza
No final daquilo tudo eu seria sua
Me possuiria como numa noite que jamais teria fim
Numa direção sem volta
Num eixo sem rota
Maremoto de mim mesma, me entregaria nua aquele conhecido atraente
Dançava enlouquecida como em um videoclip
Não era esse o meu videoclipe
Nesse eu era apenas figurante de mim mesma
Entre tantas outras mulheres iguais dançava entre sedas e poses
Um dançar duro, uma fala dura
Uma cabeça que só girava por dentro
Por fora dura
Mas sai de cena e assim pude sentir de novo a pele ardendo
O desejo o desejo o desejo
Andei atônita querendo sair dali
E um homem me seguiu
Apertou meus seios com as mãos
Dizia que eram perfeitos
E que talvez pudéssemos nos encontrar mais adiante
Eu me sentei ao lado de outro homem
O desejo se virou e troçou dele,chamando-o de caricatura literária
Senti meu corpo arder mais ainda de desejo
E acordei
Perdida em meu umbigo

terça-feira, 12 de julho de 2011

Pássaro-mulher

Como uma deusa ela se mostrou desencantada em cima de uma árvore. Pássaro-mulher, desceu suave, olho nos olhos. Eu mostrei os braços e ela esticou suas garras afiadas, alisando-me suave, como se fosse pluma…Deu 1/4 de giro e tocou minhas costas…
T E M P O     D E          S E R
Todos se calaram e a bela ave me encantou. Pude finalmente voar, como numa dança. Eu sabia e era toda; revelada, feminina.
Uma sensação indescritível ver o mundo de cima, bailando deusa numa dança sagrada.

Pude ver calmamente o escuro de mim mesma.
E digo sim, poucas palavras, para os que querem ouvir o calar do tempo, a ternura suave de um acalanto, a beleza da alma feminina:
Sentir o corpo em dança, o vento suave na paixão de existir. Fechar os olhos, abrir ao espírito. Deitar no vento morno, na calmaria ancestral, na torrente amorosa do tempo de estar.
Sagrada estação da lua nova. Encho o peito de ar e sopro o eterno que habita o feminino selvagem dentro de mim mesma. Para fora de mim. Uma prece obscura e pagã.