sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

subindo


Julia entrou no elevador e deu de cara com onze homens. Todos altos, magros e bonitos. Levou um tremendo susto quando viu aquela tão fantástica e inusitada aglomeração de deuses. Pega de surpresa não sabia como reagir naturalmente à aquele inusitado e másculo encontro; era como em um anúncio da tv, onde a moça embasbacada não sabe bem para onde olhar, o que fazer com as mãos. Teve vontade de sorrir, de se espreguiçar no meio daquilo tudo:  Será que eu mereço tanto?Será que papai do céu enviou esse presente especialmente para mim? E se o tal poço for a passagem para uma ilha perdida?Eu queria mais é cair, vamos cair todo mundo!!! ou quem sabe ficar preso durante umas duas horas...E se eu tiver que ser escrava desses homens brutos e viris? Sai pensamento!São somente doze andares, onze homens!! é preciso agir, agir...

O mais belo próximo à porta a encara sem timidez sussurrando: 
"porque não coloca logo o batom e aproveita pra fazer aquilo que você nunca mais na vida terá a oportunidade de fazer? ”Fazendo um beicinho com os lábios carnudos.

Batom, fazer, vida, onze homens...Pensou tanto que nada fez, se arrependimento matasse, cairia estirada naquele corredor estreito.
Correu assustada para dentro do apartamento de seus avós. Um apartamento quarto e sala pequeno onde todos cabiam bem, agora estava pequeno demais. Assustada, correu para a cozinha e notou que as janelas que davam para o corredor estavam abertas e, pensou, quem sabe eles pulam aqui dentro. O gênio da lâmpada ouviu seus pensamentos, aqueles homenzarrões entraram pelas janelas, um seguido do outro, como se fossem espiões, ninjas treinados. Julia não sabia se corria para a sala, se oferecia um copo dágua, ou se arrancava logo o vestido se jogando em cima deles, como num moche em um show de rock. 
Ela percebeu que era apenas uma coadjuvante e, resolveu render-se a tão adorável conspiração. 
Foram para a sala, ela e aquele que deu a investida no elevador. Os outros? Acho que foram para o quarto, parecia haver mais gente por lá. Julia olhou para ele com aquele olhar ingênuo pecaminoso; como se perguntasse sem palavras qual seria o próximo passo, como se não soubesse. Apressou-se em não perder mais a deixa e dessa vez foi direta, botão por botão, firme do desabotoar do vestido. "Eu só faço uma coisa". Foi virando ela de lado, acariciando seus cabelos, respiração quente na nuca. "Como assim: só faço uma coisa?" É, só faço mesmo o número dois.“ Virando-a bruscamente de costas, empurrando-a de quatro para o chão.
Até aquele momento estava certa; ia despir-se de seus valores morais, entregaria-se à aquele adorável desconhecido que lhe sugerira beijos de batom no elevador, agora queria fazer logo de cara, o número dois. 
Número dois ...não era como se chamava o ato de evacuar no banheiro, que coisa mais grosseira, um estranho tão belo, de porte elegante, conseguiria tudo de mim, agora resolveu falar, falar em número dois.Foi se erguendo lentamente, tirando as mãos que já estavam espalmadas do chão. Não podia calar-se, tomar-me nos braços, ir aos poucos acariciando minhas costas, descendo a mão suavemente pela lombar, encostando-se em meu corpo: imenso, rígido...quando eu percebesse já teria me deixado levar... agora, resolveu abrir  essa boca imunda...
Abotoei o vestido, ajudei-o a levantar as calças como se faz com uma criança desajeitada, ele sorriu sem graça e dali tomou seu rumo incerto, sem ao menos tentar contornar a desastrosa intervenção numérica.

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